Misty Copeland: a primeira afro-americana a se tornar Primeira Bailarina do ABT

Misty Copeland: a primeira afro-americana a se tornar Primeira Bailarina do ABT

E vamos de um post de aniversariante do dia!

E a de hoje já falei sobre ela aqui uma centena de vezes e possivelmente não vai ser a última porque ela é pura inspiração para muitas outras bailarinas!

É da Misty Copeland que eu estou falando! Ela nasceu com o nome de Misty Danielle Copeland no dia 10 de setembro de 1982 na cidade do Kansas, no Missouri, EUA e é sobre ela a história que vou contar aqui hoje. E, muito do que vou escrever aqui hoje, vai ser da minha leitura sobre o livro dela “Ballerina Body“, o qual já citei aqui algumas vezes.

1. Início Tardio no Ballet

Foto retirada do Livro “Ballerina Body”

Hoje nos encantamos ao ver Misty dançar, mas a verdade é que, quando comparada a muitas bailarinas, ela começou a dançar mais tarde do que muitas delas. Misty começou a ter as suas aulas de ballet aos 13 anos de idade na San Pedro Dance Center, em Los Angeles, California. Com uma família com muitos irmãos (ela é a mais nova entre 4 filhos do segundo casamento de sua mãe, e tem outros meio-irmãos de outros casamentos) e uma mãe que se casou várias vezes, quando esta se casou pela terceira vez, eles se mudaram para San Pedro e lá começou a sua história com o ballet clássico.

Antes mesmo de começar o ballet, Misty gostava de fazer coreografias com saltos e outros movimentos de dança para as músicas de Mariah Carey e a ginasta Nadia Comăneci era uma inspiração. Foi seguindo os passos da irmã mais velha Erica que começou seu envolvimento com o ballet, pois ao se tornar capitã das líderes de torcida da Dana Middle School sua treinadora formada com base clássica, Elizabeth Cantine, viu a graciosidade de Misty e a convenceu a fazer uma aula de ballet no Boys & Girls Club.

Lá uma amiga de Cantine, Cynthia Bradley, deu aulas de ballet gratuitas para Misty uma vez por semana, que a convidou para dançar na escola que ela lecionava, a San Pedro Dance Center. Naquele momento ela não sabia nada de ballet, e quando ela viu Cynthia explicar para vários alunos como se alongar e fazer piruetas, se sentiu ainda mais perdida. Tentar algo novo, num grupo de desconhecidos, era aterrorizante para uma criança tímida e introspectiva como ela.

Mas Cynthia a viu sentada e a encorajou a juntar ao resto do grupo, mesmo sem ter um par de sapatilhas e um collant. Levou alguns dias para Misty encarar a timidez e fazer aula. Mas, finalmente, com um short de ginástica que estava largo, e meias que mal chegavam aos seus tornozelos, ela cruzou a sala, se juntou ao grupo e colocou as mãos na barra da sala de ballet. E ali, aos 13 anos, Misty começava a ter as suas aulas de ballet e com apenas 3 meses fazendo aula ela já estava subindo nas pontas.

Depois de um tempo, sua mãe disse que ela teria que largar o ballet. Sua família não tinha carro, a mãe trabalhava de 12 a 14 horas por dia e a sua irmã Erica tinha dois empregos. Mas Cynthia começou a ir buscá-la na escola para o ballet e, depois ofereceu que a bailarina pudesse se hospedar na sua casa para que continuasse com as aulas de ballet. A mãe concordou e Misty foi morar na casa da professora e sua família. Copeland passava os dias da semana com os Bradley perto da costa e da escola de ballet e os finais de semana com a mãe, a duas horas de ônibus de distância. Ela passaria a maior parte dos próximos 3 anos com os Bradleys.

Aos 14 anos ela foi a vencedora de um concurso nacional de ballet e ganhou seu primeiro solo. Os Bradley apresentaram a Misty livros e vídeos de ballet. Quando ela viu Paloma Herrera, na época Primeira Bailarina do ABT, se apresentar no Dorothy Chandler Pavilion, passou a idolatrá-la tanto quanto Mariah Carey. Outros grandes bailarinos de quem Misty virou fã após vê-los dançar em vídeos foi Mikhail Baryshnikov e Gelsey Kirkland e desde então ela decidiu que iria entrar na ABT. Mas vamos falar sobre isso no próximo tópico.

A mídia a notou pela primeira vez quando ela atraiu 2.000 pessoas por espetáculo, enquanto interpretava Clara em O Quebra-Nozes na San Pedro High School, após apenas oito meses de aula. Ela desempenhou um papel de maior destaque como Kitri em Don Quixote no San Pedro Dance Center e, em seguida, atuou com a LA Academy of Fine Arts em um papel de destaque em The Chocolate Nutcracker, uma versão afro-americana do conto, narrada por Debbie Allen. Este último foi apresentado no UCLA ‘s Royce Hall. O papel de Copeland foi modificado especialmente para ela e incluiu danças étnicas.

Durante esse período, Misty recebeu muito mais atenção pessoal da família Bradley do que sua mãe poderia dar a cada um de seus seis filhos. Criada em uma família cristã abandonada, quando ela morava com a família Bradley, ela frequentava a sinagoga e celebrava o Shabat com eles, desfrutando da proximidade da família. Além do treinamento intensivo de ballet de Cynthia Bradley, seu marido, um professor de dança moderna, serviu como partner e professor pas-de-deux de Copeland. No verão antes de seu aniversário de 15 anos, Bradley começou a dar aulas em casa para ela para a 10ª série para ter mais tempo para dançar. Aos 15 anos de idade, Misty ganhou o primeiro lugar no Los Angeles Music Center Spotlight Awards no Chandler Pavilion em março de 1998. Ela disse que foi a primeira vez que ela lutou contra o nervosismo. Os vencedores receberam bolsas de estudo entre $ 500 e $ 2500. A vitória dela no 10º concurso anual entre alunos talentosos do ensino médio no sul da Califórnia garantiu seu reconhecimento pelo Los Angeles Times como a melhor jovem dançarina na área da Grande Los Angeles.

Copeland participou do workshop de verão na San Francisco Ballet School em 1998. Ela e Bradley selecionaram no workshop entre as ofertas do Joffrey Ballet, ABT e Dance Theatre of Harlem , entre outros. Dos programas para os quais ela fez o teste, apenas o New York City Ballet se recusou a lhe fazer uma oferta. San Francisco Ballet, ABT e New York City Ballet são considerados as três companhias de ballet clássico preeminentes nos Estados Unidos. Durante o workshop de seis semanas em San Francisco, Misty Copeland foi colocada nas classes mais avançadas e recebia bolsa de estudos integral mais despesas. No final do workshop, ela recebeu uma das poucas ofertas para continuar como estudante em tempo integral na escola. Ela recusou a oferta por causa do incentivo de sua mãe para voltar para casa, a perspectiva de continuar o treinamento pessoal da família Bradley e os sonhos de um verão subsequente no American Ballet Theatre.

Misty chegou a voltar para a casa da mãe, que ficava muito ressentida com a influência dos Bradleys sobre a filha e as duas discutiam frequentemente. Ficou então decidido que ela não estudaria mais com os Bradley e ela ficou receosa de não conseguir mais dançar ballet.

Devido a essa preocupação Misty fugiu de casa para poder entrar com uma petição de emancipação, mas 3 dias depois foi devolvida para sua mãe pela polícia. Sua mãe contratou uma advogada para impedir que a filha tivesse contato com os Bradley com medidas de restrição, afirmando que eles tinham feito “lavagem cerebral” na menina para que ela entrasse com o processo de emancipação. Mas esse processo não tinha base legal adequada, já que não houve assédio ou perseguição.

Depois que sua mãe afirmou que faria de tudo para que Misty continuasse a dançar, o pedido de emancipação e as medidas de restrição foram retirados.

2. Ingresso na ABT

Foto retirada do livro “Ballerina Body”

Misty diz que queria dançar no ABT desde que ela tinha 13 anos. A companhia americana se tornou o seu principal objetivo dsde que ela viu vídeos de Mikhail Baryshnikov e Gelsey Kirkland dançando.

Ela manteve esse sonho quando participou de seu primeiro programa intensivo de verão com o San Francisco Ballet, recebendo treinamento para ajudar a trazer mais limpeza e força para a sua técnica. E toda vez que ela caía no chão enquanto tentava uma nova pirueta ou salto, o objetivo de dançar na ABT dava a força para continuar.

Misty conta o que faz para continuar motivada. Ela diz que, mesmo que a gente realize ou não, todos nós temos nossos objetivos que almejamos a cada dia. Eles podem ser rotineiros, como quando ativamos o despertador com a intenção de acordar uma determinada hora. Ou ainda, ter uma recompensa que podem até parecer distantes, como quando, por exemplo, economizamos dinheiro para viajar para um destino dos sonhos.

As metas são essenciais. Se você não tem clareza sobre o que você deseja alcançar, você não vai conseguir traçar um caminho para chegar lá. E todos nós precisamos de uma faísca para nos manter energizados e focados, mesmo quando temos aqueles momentos inevitáveis que nos sentimos cansados e desmotivados. Uma base emocional forte pode mantê-lo revigorado, ao passo que ter uma linha de chegada em vista, um alvo a ser almejado, pode ajudá-lo a aproveitar a energia mental e o foco de que você precisa para alcançá-la.

Misty diz que é importante lembrar que nós não temos que alcançar nossas metas mesmo que estejamos correndo atrás delas de uma hora para outra. É sufocante e irreal! Ao invés disso, temos que pensar que estamos cada vez mais perto dela, mesmo que seja um passinho bem pequeno mais perto; uma pequena vitória de cada vez. A bailarina nos motiva dizendo que alcançar o que você deseja já começa quando decidimos levantar da cama e ir trabalhar, mesmo quando você preferiria dormir meia hora a mais. Ou quando você decide trocar o fast food por uma refeição saudável. Ou quando você decide deixar o carro na garagem e dar uma caminhada revigorante pela vizinhança.

Inclusive, ela sempre aplicou para si os conhecimentos sobre a lei da atração para alcançar seus sonhos e objetivos. Ela costumava se imaginar em pé em frente ao Studio da ABT em Manhatan. Declarou que estaria lá quando se despediu no final do verão em São Francisco de uma bia amigo que também tinha o mesmo sonho. Em 1998, quando ela tinha 16 anos, fez um teste e ganhou uma vaga no programa intensivo de verão da ABT. Foi o primeiro marco significativo no que seria um longo, às vezes difícil, profissional. Mas ela alcançou seu objetivo.

Entretanto, na ocasião, sua mãe insistiu que ela terminasse o ensino médio, então Copeland voltou para a Califórnia para seu último ano, embora a ABT tenha providenciado o pagamento de suas apresentações, acomodações e arranjos acadêmicos. Ela estudou no Programa Intensivo de Verão com bolsa integral para ambos os verões e foi declarada Coca-Cola Scholar Nacional da ABT em 2000. No Programa Intensivo de Verão de 2000, ela dançou o papel de Kitri em Dom Quixote. A lembrança mais forte de Copeland do verão foi a de trabalhar com a coreógrafa Twyla Tharp no “push comes to shove“. Dos 150 dançarinos no Programa Intensivo de Verão no ano de 2000, ela foi um dos seis selecionados para participar do grupo de dança júnior.

Em setembro de 2000, ela se juntou à ABT Studio Company, que é a segunda companhia da ABT, e tornou-se membro de seu corpo de baile em 2001. Como parte da Studio Company, ela executou o Pas de Deux em Tchaikovsky “A Bela Adormecida”. Oito meses após ingressar na companhia, ela ficou paralisada por quase um ano por causa de uma fratura por estresse lombar e possivelmente foi um dos momentos mais difíceis da sua vida.

Quando Copeland se juntou à companhia, ela pesava cerca de 49kg e ela mede 1,57 m de altura. Aos 19 anos, sua puberdade foi atrasada, uma situação comum em dançarinos de ballet. Após a fratura lombar, seu médico disse a ela que induzir a puberdade ajudaria a fortalecer seus ossos e prescreveu pílulas anticoncepcionais. Misty lembra que em um mês ela engordou 5 quilos e seus seios incharam até o dobro do tamanho do copo: “Collants tiveram que ser trocados para mim … para cobrir meu decote, por exemplo. Odiei esse sinal de que eu era diferente dos outros … Fiquei tão constrangida que, pela primeira vez na vida, não consegui dançar forte. Estava muito ocupada tentando esconder meus seios.” A gerência percebeu e chamou-a para falar sobre seu corpo. A pressão profissional para se conformar à estética do ballet convencional resultou em lutas de imagem corporal e um transtorno de compulsão alimentar. Copeland diz que, no ano seguinte, novas amizades fora da ABT, incluindo Victoria Rowell e seu namorado, Olu Evans, ajudaram-na a recuperar a confiança em seu corpo.

Durante seus anos na companhia, como a única mulher negra na empresa, Copeland também sentiu o peso de sua etnia de várias maneiras e contemplou uma variedade de opções de carreira. Reconhecendo que o isolamento e a dúvida de Copeland estavam atrapalhando seu talento, o diretor artístico da ABT, Kevin McKenzie , pediu à escritora e figura artística Susan Fales-Hill , então vice-presidente do Conselho de Diretores da ABT, para orientar Copeland. Fales-Hill apresentou Copeland às pioneiras mulheres negras que encorajaram Copeland e a ajudaram a ganhar perspectiva.

Críticas no início da carreira mencionaram Copeland como mais radiante do que dançarinos de alto escalão, e ela foi nomeada para a classe de 2003 da revista Dance Magazine “25 to Watch”. Em 2003, ela foi avaliada favoravelmente por seus papéis como membro do corpo de baile em La Bayadère e William Forsythe ‘s workwithinwork. O reconhecimento continuou em 2004 para papéis em ballets como Raymonda , workwithinwork , Amazed in Burning Dreams, Sechs Tänze , Pillar of Fire, “Pretty Good Year”, “VIII” e “Sinfonietta, onde ‘se destacou no pas de trois. Ela também dançou a princesa húngara em O lago dos cisnes de Tchaikovsky. A temporada de 2004 é considerada sua temporada de ruptura. Ela foi incluída no livro de imagens de 2004 da ex-dançarina do ABT Rosalie O’Connor intitulado Getting Closer: A Dancer’s Perspective. Também em 2004, ela conheceu seu pai biológico pela primeira vez e lamentou não ter feito isso antes.

Em 2005, seu desempenho mais notável foi na Tarantella de George Balanchine. Ela também dançou o papel principal em “Danças Polovtsianas” do Príncipe Igor. Em 2006, ela foi reconhecida por seu estilo meticuloso de performance clássica em Giselle. “Misty tem a capacidade de absorver algo extremamente rápido e então reproduzi-lo exatamente, e ela dá muita clareza ao material. Se eu fosse fazer minha própria companhia, ela seria a primeira para quem eu ligaria.” Naquele ano, ela também voltou ao Sul da Califórnia se apresentou no Orange County Performing Arts Center  e dançou um dos pequenos cisnes no pas de quatre e reprisou seu papel como a princesa húngara em Swan Lake em Nova York. Em 2006 e 2007, Copeland dançou o papel de flor em James Kudelka de CinderellaA performance “à moda antiga” de Copeland continuou a merecer seus elogios em 2007. Nesse mesmo ano, ela dançou a Fada da Energia em A Bela Adormecida.

Misty diz que sabia que ela nasceu para dançar desde que tocou na barra pela primeira vez na San Pedro Dance Center. Ela era uma criança inquieta, mas, quando ela dançava, sentia uma explosão de confiança. Ela era uma criança tímida, insegura da sua própria voz, mas sentia que era capaz de falar sem o uso de palavras por meio do ballet.

Sua carreira cresceu muito rápido, mesmo tendo começado relativamente tarde aos 13 anos, até se tornar uma estudante do ABT poucos anos depois e ingressar na companhia logo após. Aos 19 ela passou a ser membro do corpo de baile. Ela foi comemorando meta após meta.

Mas, quando ela ingressou no corpo de baile começou a se sentir insegura se ela realmente seria capaz de alcançar os próximos postos – o de solista e, eventualmente, o de Primeira Bailarina. Ela começou a se questionar principalmente após ter engordado muito após a sua lesão na lombar que o seu corpo estava longe de ser “o ideal” e principalmente o fato dela se isolar e se sentir inferior por causa da cor de sua pele. Ela chegou a receber uma oferta de solista do Dance Theatre of Harlem, mas ela nunca se sentiria realmente feliz se optasse por essa decisão, já que o ABT sempre foi o seu grande sonho.

Misty diz que “lutou contra o seu destino” ao entrar relativamente tarde no ballet, e chegou a ouvir que ela era “muito gorda para ser uma bailarina”. Essas palavras ela ouviu de uma pessoa estranha aleatória num clube em Manhatan. As palavras dessa pessoa a paralisaram e a feriram muito! Ela estava em seu segundo ano como corpo de baile na ABT. Ela e sua melhor amiga, Leyla, pegaram um taxi e saíram para uma boate chamada “Bed”. Ela foi até lá com a sua amiga para tentar esquecer o que tinha acontecido poucas horas antes. Mas a verdade é que aquele comentário insensível daquele estranho veio a memória várias vezes.

Naquele dia vários membros da equipe do ABT quiseram conversar com ela e ela tinha uma boa ideia de como seriam essas conversas. Ela estava se sentindo péssima após engordar, até porque dividia seus figurinos das Willis de Giselle e do pas de quatre do Lago com outras bailarinas. Misty se sentia como se estivesse no corpo de outra pessoa.

Para ela, as mudanças no corpo pareciam que tinham acontecido da noite para o dia e seus professores logo perceberam e lhe disseram que precisava emagrecer e foi então que ela começou a desenvolver os distúrbios alimentares. Ela começou a não se sentir boa o bastante e não conseguia curtir uma boa refeição ou uma sobremesa. Mas, felizmente, o rumo dessa história mudou uma um desfecho melhor e mais positivo! Após uma conversa com seus professores na ABT, deu início a um novo marco, rumo à jornada fitness de Misty. Se hoje ela tem uma vida mais saudável, com uma alimentação balanceada e um corpo com mais músculos aparentes que a ajudam na sua performance, o início foi aí. Inclusive em seu livro podemos ver várias dicas de alimentação com receitas saudáveis e alguns exercícios de barra solo que ela mesma faz. Hoje Misty entende que seu corpo é perfeito para ela.

3. Primeira Bailarina

Após passar por tudo isso, Misty de fato conseguiu alcançar e comemorar meta por meta. Lá em 2001 ela ingressou no corpo de baile do ABT, o que já foi uma grande conquista para a bailarina. Mas, após conquistar esse feito, começou a se questionar sobre os outros. Ela provavelmente pensava: “será que vou conseguir chegar lá?”

Mas fato é que mesmo após passar por todos os momentos difíceis Misty conseguiu sim o que tanto sonhava: ser Primeira Bailarina de uma das maiores companhias dos EUA. Em agosto de 2007, nossa bailarina foi promovida a solista e foi uma das mais jovens a conquistar esse cargo. Nesse mesmo ano recebeu boas críticas do “New York Times” após a sua performance num ballet de Balanchine.

Em 2012 ela experimentou um dos destaques da sua carreira, dançando “O Pássaro de Fogo” de Igor Stravisnky no Metropolitan Opera House e essa foi a sua última apresentação daquela temporada, que foi quando ela lesionou novamente. Ela já tinha lesionado a perna meses antes, mas ela continuou com uma extensa grade de ensaios e estava se preparando para o papel. Quando procurou o médico, ela já não aguentava mais de dor, tendo fratura por estresse em 6 pontos da tibia, colocando platina no local.

Nesse momento ela conta que trabalhou todas as manhãs com a sua instrutora Marjorie Libert, que treinava com ela o método “barra solo” (ou “barre-à-terre”) de Boris Kniaseff. Esses exercícios a permitiram executar os movimentos que ela faria na barra, só que no chão, estando deitada e se imaginando “se puxando para cima” (como falamos no ballet) dançando em pé. Enquanto ela fazia gentilmente os port de bras, se imaginava nos palcos novamente fazendo os fouettés, saltando em “Les Sylphides”. Ela trabalhou a sua força no core, nas costas e nas pernas e voltou a dançar mais graciosa como nunca antes na ABT. Misty mais uma vez usando a força de vontade e a lei da atração a seu favor (ela inclusive usa o famoso “quadro de visualização” e uma espécie de caderno que ela anota as suas emoções). É claro que esse processo não foi nada fácil para ela e, aos poucos, ela foi se convencendo que ela era SIM boa o suficiente.

Misty foi se destacando em muitos outros ballets, como Gulnara no “Corsário” e Swanilda em “Coppélia”, e em março de 2015 dançou o papel da Princesa Florine (Pássaro Azul) no Ballet Bela Adormecida e fez a sua estreia no papel-duplo de Odette-Odile no Lago dos Cisnes, além de muitos outros, como o papel de Julieta em “Romeu e Julieta”. E, no dia 30 de junho do mesmo ano, ela finalmente chegou ao cargo de Primeira Bailarina do ABT. Isso foi um feito histórico, pois ela foi a primeira “Principal Dancer” afro-americana nos 75 anos de história da companhia, abrindo portas para as próximas gerações e servindo de inspiração para as futuras bailarinas.

4. Filmes, Livros e a Misty além da bailarina

Nem só dos palcos vive a nossa bailarina aniversariante de hoje. Misty tem alguns livros publicados, como o “Ballerina Body“, que usei de biografia para este post, e o livro infantil “Bunheads”, que são apenas alguns exemplos.

Além disso, em 2014, o ex-presidente dos EUA, Barack Obama a nomeou ao Conselho do Presidente para Fitness, Esportes e Nutrição.

Um trabalho artístico de Misty foi a recriação de obras do famoso pintor de ballet Edgar Degas. Em 2016 ela fez um ensaio para a Harper’s Bazaar refazendo as poses pintadas por esse artista e você pode conferir os bastidores desse ensaio, clicando aqui!

Misty já tinha algumas aparições na tv, como a sua aparição na 11ª temporada da série “So You Think You Can Dance” e o “A Ballerina’s Tale”. Mas, em 2018 ela estreou no cinema com o filme da Disney, “O Quebra-nozes e os quatro reinos“, numa história totalmente diferente da original.

Abaixo, deixarei um vídeo que ela fala sobre isso.

Misty também realiza filantropia. Em 2013 ela criou o “Project Plié“, com o objetivo de dar um local com infra-estrutura a bailarinas e bailarinos de comunidades dos EUA, dando-lhes as mesmas oportunidades que pessoas como Cynthia Bradley lhe deram no passado e com certeza ajudaram ela chegar no posto de Primeira Bailarina.

Ela também cofundou uma arrecadação de fundos, “Swans for Relief“, que compilou vídeos feitos em maio de 2020 por 32 bailarinas de 14 países, incluindo Copeland, dançando The Dying SwanO vídeo resultante do YouTube arrecada fundos que irão para o fundo de ajuda COVID-19 de cada dançarina, ou outro fundo de ajuda com base em artes / dança, para aliviar o impacto da pandemia COVID-19 de 2019-20 na comunidade de dança. 

Mais uma curiosidade envolvendo Misty fora dos palcos é a criação de uma Barbie Bailarina totalmente diferente de todas as que já vimos antes! Em 2016, a Mattel criou a boneca da Misty Copeland com um figurino de Pássaro de Fogo! Não é LINDA? Não é um preço nada barato, mas consegui encontrar no aliexpress!

Para finalizar, além de tudo isso, em 2015, ela foi eleita uma das 100 pessoas mais influentes do mundo pela revista Time, aparecendo em sua capa. 

Teria muito mais a se falar de Misty Copeland, mas o resto fica a pesquisa de vocês e de quem ler o livro dela, porque se não o post de hoje ficaria interminável, mais do que já está. Inclusive, meu muito obrigada se você leu até o final!

Porque de fato dá para falar MUITO e admirar MUITO a nossa aniversariante de hoje!

 

Por hoje eu fico por aqui!

Até o próximo post!

 

Fontes:

  • Wikipedia
  • O livro “Ballerina Body”.

Sobre o autor

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Stories Tutu da Ju

Baixe Agora o Manual Completo!

DIGITE SEU E-MAIL E BAIXE O SEU MANUAL GRATUITAMENTE

Guia com mais de 100 definições, dicas e fotos de todos os movimentos, passos, posições e termos do Ballet. Perfeito para bailarinas e bailarinos de qualquer nível que queiram estudar e melhorar sua performance.

 

E-mail enviado! Não esqueça de verificar o SPAM.

A fotógrafa de ballet Mari Salles inaugura seu Studio de fotos 5 Dicas para a Make de Palco PERFEITA Últimas mudanças na Gaynor Explicando como funciona a numeração da Gaynor O que um amante de ballet pode fazer em NY