Como o ballet chegou à Rússia – Dos czares a Petipá

Como o ballet chegou à Rússia – Dos czares a Petipá

Olá bailarinas e bailarinos que acompanham o Tutu da Ju!

Um dos grandes países que ainda hoje é famoso pelo seu ballet é a Rússia, país que também foi sede da Copa do Mundo de 2018. E no post de hoje vamos entender o porque dessa fama da Rússia no ballet.

Desde o reinado de Luis XIV até a Guerra Franco-Prussiana (1870-1871) a França vivera a sua “Era de Ouro no Ballet”. Mas a Guerra destruiu a França e o ballet francês entra em crise a partir deste momento. Sem grandes bailarinos na Ópera de Paris, e sem recursos financeiros para mantê-la, o ballet francês não poderia ter outro rumo se não entrar em decadência. A imprensa nessa época chegou, inclusive, a comentar que parisienses e turistas preferiam aplaudir o cancã do Moulin Rouge do que as bailarinas da Opera.

Foi neste momento, então, que o ballet na Rússia ganhava um impulso cada vez maior, se transferindo de Paris para São Petersburgo, sendo agora a Rússia como o grande palco do ballet. E vamos ver que as escolas francesa e italiana vão ter grande influência no desenvolvimento do ballet russo.

Mas essa história do ballet na Rússia não começa só a partir desta data. A Rússia foi um país por um longo tempo governada por Czares (desde 1546 ate a Revolução Russa em 1917 em que se instalou o comunismo por lá). Até 1689, o ballet neste país era inexistente. O controle czarista e o isolacionismo na Rússia permitiram pouca influência do ocidente. Então, no século XVII, o Czar Pedro, o Grande foi responsável por uma certa “ocidentalização” e uma modernização da Rússia, aproximando-a mais das culturas ocidentais como França, Itália, Alemanha e Inglaterra.

O patrocínio imperial incentivou a vinda do que a França e a Itália tinham de melhor em matéria de professores, coreógrafos e intérpretes que tiveram uma grande contribuição para o ballet russo. Houve a passagem de figuras como Marie Taglioni, Lucile Grahn, Fanny Elssler, Jules Perrot, Carlota Grisi, Saint-Leon, Jean-Baptiste Landé, Charles Le Picq e Charles Didelot, entre outras, que refinou o gosto do público, sendo determinante também para a formação de artistas russos.

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Uma das sucessoras de Pedro, o Grande, a imperatriz Anna Ivanova fundou a primeira escola de ballet na Rússia em 1738, sob a direção de Landé. Com o patrocínio da coroa, nascia assim a Escola Imperial, berço de uma tradição que fez a glória do ballet russo. Mais tarde essa escola de ballet mudaria seu nome para Academia Vaganova de Ballet, em homenagem à Agripina Vaganova. Mas deixemos esta história para outro post.

As primeiras turmas ocuparam salas vazias no Palácio de Inverno em São Petersburgo e os primeiros alunos foram doze meninos e doze meninas. O objetivo da escola era formar a primeira companhia de dança profissional da Rússia, o que levou à formação do Ballet Imperial Russo, a escola tornando-se conhecida como Escola de Ballet Imperial.

Quase todos os primeiros professores da escola eram da Europa Ocidental, incluindo Franz Hilferding e Giovanni Canzianni. O primeiro professor russo a ingressar na escola foi Ivan Valberg. Após a difusão do ballet na Europa, o desenvolvimento da escola foi influenciado por vários outros professores e métodos, incluindo Christian Johannson, aluno de August Bournonville , e os métodos italianos de Enrico Cecchetti , Pierina Legnani e Carlotta Brianza . Outros renomados dançarinos e mestres de ballet do século XIX que ensinaram e foram influentes no desenvolvimento da escola incluem Charles Didelot, Jules Perrot, Arthur Saint-Léon, Lev Ivanov, Marius Petipá e Mikhail Fokine.

Embora as principais figuras tivessem vindo de fora, começa a surgir la grandes nomes de artistas locais, como Natasia Birilova e Paulina Kovalevsky, filhas de servos, que inaugurariam a vasta série de bailarinas prestigiadas pela aristocracia. Esse prestígio, porém, era limitado, pois como filhos de servos, os bailarinos poderiam ser trocados, doados ou vendidos pelos seus senhores e não eram pagos, sendo a retribuição do seu trabalho o “privilégio de divertir a nobreza”.

Essa situação iria se modificar a partir de 1762 no reinado de Catarina II, mais conhecida como Catarina, a Grande, quem realmente fez muito para ajudar o ballet e a ópera florescerem na Rússia. Foi ela quem trouxe Gasparo Angiolini e Giuseppe Canziani para lá e eles foram os responsáveis por espalhar as ideias de Noverre na Rússia. Os bailarinos passam a ser pagos e seu tráfico, embora legalmente permitido, se torna pouco frequente. Neste momento, Charles Le Picq é mestre plenipotenciário na Escola Imperial.

Didelot foi outra figura bastante importante nestes primórdios do ballet russo. Uma de suas alunas, Eudoxia Istomina, compete vantajosamente com as francesas e italianas. Ela, junto com outra aluna de Didelot, Genevieve Gosselin, foi uma das precursoras da dança nas pontas que Marie Taglioni iria consagrar.

Já em 1773, o mestre italiano Filippo Beccari começa a dar aulas para 64 crianças de um orfanato. Três anos depois, essas crianças ja se apresentam no Teatro Znamensky. Eles seriam o embrião do que seria a companhia do Bolshoi (foto – a foto anterior é uma mais antiga e essa uma mais recente), teatro inaugurado em 1856 em substituição ao Petrovsky que se incendiou. Mas somente após a Revolução de 1917, com o retorno da capital a Moscou, é que o Bolshoi terá a sua projeção atual.

O Bolshoi foi o principal teatro de São Petersburgo e vai abrigar as mais importantes criações coreográficas entre 1783 e 1889 e fazia parte dos Teatros Imperiais (fundados por Catarina II). Mas a partir de 1889, vai ser o Teatro Maryinski (teatro da foto) que se torna o principal teatro para o ballet. Em 1935 seu nome muda para Kirov, em homenagem a um herói soviético.

A escola russa, pode ser dita como a “escola francesa que os franceses esqueceram” (Christian Johansson), ela toma emprestado e se inspira em diversas fontes e, graças a ela, os russos tomaram a dianteira no ballet. E, como veremos mais tarde, um outro francês, Marius Petipá, será responsável por criar o repertório que fará a glória do ballet russo no século XIX. Mas deixemos Petipá com mais detalhes para outros posts!

 

Até o próximo post!

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