A história da sapatilha de ponta

A história da sapatilha de ponta

Olá bailarinos e bailarinas que acompanham o Tutu da Ju!

Hoje o assunto do post vai ser sobre um dos símbolos do ballet clássico: a sapatilha de ponta!

Vocês sabem quem a inventou? Quem foi a primeira bailarina a usá-la? É sobre isso que vamos falar aqui.

De fato muitos estudiosos e amantes da dança discutem quem foi a primeira bailarina a dançar usando sapatilhas de ponta: Genevieve Gosselin, Amalia Brugnoli, Fanny Bias ou Marie Taglioni. Muitos creditam a última delas por esse feito, mas não é bem assim. Marie Taglioni de fato tem sua importância, não se nega isso, mas se pesquisarmos mais a fundo vamos ver que ela não foi a primeira a dançar nas pontas. (Eu mesma aprendi isso nos meus recentes estudos sobre a história da dança no curso profissionalizante que estou fazendo). Mas foi a partir dela dançando em “La Sylphide” que usar pontas ficou reconhecido como sinônimo de leveza.

Embora muitos achem que o ballet e a existência das sapatilhas de ponta andem juntos, não é bem assim. Muito antes das sapatilhas de ponta existirem, já existia o ballet. Dançar nas pontas dos pés é uma técnica relativamente recente, e apenas uma parte muito pequena do que é o ballet. O trabalho de pontas tem apenas 200 anos de idade. Pode parecer um longo tempo, mas considerando que o ballet existe há mais de 500 anos, não é nem a metade do tempo. Então, vamos aos detalhes desta história.

O ballet logo que começou não era dançado sequer com sapatilhas. Se dançava com sapatos de pequenos saltos e aos poucos eles foram substituídos pelas sapatilhas de ponta. Foi Marie Camargo quem tirou o saltos dos sapatos no período do reinado de Luis XIV para que os movimentos do ballet pudessem ser melhor executados.

O primeiro ballet de repertório foi “La Fille Mal Gardee e mesmo ele na sua primeira versão não foi dançado nas pontas. Este ballet datou do ano de 1789, mesmo ano do início da Revolução Francesa. Dançar nas pontas só viria depois.

Neste período vamos ter como um dos professores e também como diretor da Ópera de Paris Carlo Blasis, que vai escrever um “Tratado elementar teórico e prático sobre a dança” em 1820, fazendo uma analise de técnicas de ballet. Carlo Blasis é o primeiro a pensar no que seria um pas de deux. Segundo os ensinamentos de Blasis, em breve a dança evoluiria tanto que se dançaria nas pontas. Mas ele não especifica se quem iria dançar nas pontas seria o homem, a mulher ou ambos.

Com ideias semelhantes a Blasis, Charles Didelot, coreógrafo do Ballet Imperial Russo, que estudou em Paris com Jean Dauberval, seguindo seu estudo com Jean-Georges Noverre, em 1795 teria criado uma espécie de antecessor das sapatilhas de ponta e o chamou de “máquina voadora”, que levantou dançarinos, permitindo-lhes estar em seus dedos do pé antes de sair do chão, instituindo o uso de cabos e fios para dar a aparência de ausência de peso. Esta leveza e qualidade etérea foram bem recebidas pelo público e, como resultado, coreógrafos começaram a procurar maneiras de incorporar mais trabalho de ponta em suas peças.

Podemos ver, então, uma das curiosidades de quando a ponta foi criada: ela foi pensada apenas para personagens etéreos, como as “Sylphides” do ballet “La Sylphide” ou as “Willys” do ballet “Giselle“. Quem interpretasse figuras humanas não usaria pontas, mas sapatos comuns. Mas a grande diferença no que se refere ao uso das pontas nestes dois ballets é que em “La Sylphide” somente a primeira-bailarina usaria a sapatilha de ponta e em “Giselle” todo o corpo de baile a usaria no segundo ato.

Se discute qual dessas bailarinas foi de fato a primeira a dançar nas pontas: Genevieve Gosselin, Evdokia Istomina, Amalia Brugnoli, Fanny Bias ou Marie Taglioni. E há ainda quem aponte Anna Pavlova por este feito.

Geneviève Gosselin estudou com Jean-François Coulon , que era um dos professores mais renomados da Europa na época. Tornou-se professor da “classe de perfeição” na Opéra de Paris em 1807 e também ajudou na produção de sapatilhas após 1810. Gosselin ingressou na Ópera de Paris em 1806 com a idade de quinze anos. Ela tinha excelente técnica e foi a primeira dançarina a desenvolver a arte de subir na ponta em 1813.

Em 1815, ela foi escalada como heroína em Flore et Zéphire , um dos primeiros ballets românticos da época. O ballet foi coreografado por Charles Didelot, o principal coreógrafo do Ballet Imperial Russo. Didelot inventou a “máquina voadora”. E por causa dela, Geneviève Gosselin poderia se apresentar em sapatilhas de ponta . Esta foi a primeira aparição de bailarinos na ponta. Gosselin só conseguiu se equilibrar por breves momentos nas sapatilhas de ponta (embora um crítico diga que ela se equilibrou por um minuto). Gosselin pavimentou o caminho para Amalia Brugnoli e Marie Taglioni , que muitas vezes recebe a maior parte do crédito por iniciar a tendência de sapatilhas de ponta.

Na mesma época na Russia, Evdokia Istomina, também aluna de Didelot, também dançaria nas pontas. Ela estreou no Ballet Imperial Russo em 1815 para aclamação imediata e dançou vários ballets de Didelot. Lá ela dançou por 20 anos e dançou vários papéis principais nos ballets de Didelot.

Então, foram Genevieve e Evdokia a dançarem nas pontas primeiro.

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Fanny Bias foi uma bailarina francesa da Opera de Paris e dançou nas pontas em 1821, vista em uma litogravura (tipo de pintura na pedra) da sua época também no mesmo papel do ballet Flore et Zéphire” de Didelot.

Amalia Brugnoli foi uma bailarina italiana que dançou nas pontas pela primeira vez em 1822 com o ballet La Fée et le Chevalier” ao lado de Armand Vestris. Marie Taglioni a viu dançar, e embora ela fizesse coisas impressionantes nas pontas do pés, ela não achou sua performance graciosa porque “para se levantar na ponta, ela teve que fazer grandes esforços com os braços”.

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Marie Taglioni, bailarina italiana, só dançou nas pontas em 1832 no ballet “La Sylphide . Um ballet especialmente criado para ela por seu pai Philippe Taglioni. De fato foi ela quem aperfeiçoou e popularizou a dança na ponta do pé. A sua performance neste ballet foi fortemente aclamada pelo publico. Ela se tornou a bailarina símbolo do ballet romântico e dançar nas pontas e foi graças a ela que a ponta se tornou sinônimo de leveza e desde então marca a diferença do homem (que ate hoje é muito raro de usar pontas) e a mulher que vai sempre dançar nas pontas. Agora, afirmar com toda certeza que foi ela quem usou a sapatilha de ponta primeiro, é um erro.

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Anna Pavlova foi uma bailarina russa do Ballet Imperial Russo no século XIX. Foi uma das bailarinas mais influentes e famosas do seu tempo que inclusive chegou a ter uma sobremesa com seu nome. Pavlova tinha particularmente um colo de pé muito arqueado, o que a deixou vulnerável a lesões ao dançar nas pontas. Ela também tinha pés alongados e cônicos, resultando em excesso de pressão aos dedos grandes. Para compensar isso, ela inseriu solas de couro em suas sapatilhas como reforço extra, achatou e endureceu a área dos dedos formando uma caixa ou “box”. Como esta prática permitiu que a dança nas pontas ficasse mais fácil para ela, foi considerada por outras bailarinas como “trapaceira”. Mas hoje isso que ela fez se tornou o novo desing das sapatilhas de ponta atuais.

 

E esses eram os ensinamentos que eu tinha para compartilhar com vcs a respeito da história da sapatilha de ponta. É claro que todas essas bailarinas tiveram a sua importância na história e tem um argumento valido para serem apontadas como a primeira que usou. Por isso que até hoje se discute quem foi mesmo a primeira. Mas até que se descubra algo novo, foram Genevieve Gosselin e Evdokia Istomina as primeiras deste feito.

Espero que tenham gostado!

Até o próximo post!

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