12 Características dos Ballets de Petipá

12 Características dos Ballets de Petipá

Oi Bailarinas e Bailarinos!

Hoje vai um post que eu estava devendo!

Decidi reunir as 12 características que eu considero mais importantes dos ballets de Marius Petipá, pois a maioria dos ballets deste renomado coreógrafo vão ter este formato, mas, antes, vou listar os ballets dele para ajudar vocês a pensar sobre as características.

Os Ballets de Petipá

Ao longo de sua carreira como um grande coreógrafo e MUITA importância para o ballet que temos hoje, Petipá montou vários ballets, dos quais vou destacar apenas os de repertório:

  1.  A Filha do Faraó  – 1862
  2. La Bayadère  – 1877
  3. O Talismã – 1889
  4. A Bela Adormecida – 1890
  5. O Quebra Nozes –  1891
  6. Cinderela – 1893
  7. O Lago dos Cisnes (com Ivanov) – 1895
  8. Raymonda – 1898
  9. Harlequinade – 1900
  10. O Espelho Mágico (seu último ballet, uma versão da Branca de Neve para o Ballet) – 1903

OBS: Petipá também fez suas próprias versões de Paquita, Dom Quixote, Esmeralda, O Corsário, Giselle, La Fille Mal Gardee e outros. Mas aqui citei apenas os que são de sua autoria original.

Características dos ballets de Petipá

Os ballets de Petipá vão ter no geral as seguintes características como pontos de contato:

1. Ballets longos

Seu primeiro ballet original, “A Filha do Faraó” vai estrear com 3 HORAS de duração. E isso vai se repetir nos seus ballets.

2. Localização Específica

Petipá vai usar como pano de fundo dos seus ballets sempre uma localização específica, um país ou região específica e vai trazer para o ballet as culturas dos povos de que ele está retratando (por exemplo: a história de “A Filha do Faraó” se passa no Egito, vemos as roupas bem típicas de lá nos bailarinos que dançam esse ballet; “La Bayadere”, se passa na Índia, podemos notar isso pelos figurinos das “dançarinas do templo” e também pelos movimentos dos braços).

3. Encurtamento das saias acima dos joelhos – nasce o Tutu Clássico (ou bandeja)

Se no início de tudo, apenas um dos pés aparecia nas saias das mulheres e com a Era Romântica, a saia foi encurtada até os tornozelos para mostrar mais os movimentos dos pés possibilitar os saltos da bailarina; Petipá encurtou ainda mais os figurinos femininos até a altura acima dos joelhos (Na realidade, a bailarina Virginia Zucchi, ao dançar pela primeira vez o ballet “A Filha do Faraó”, não se adaptou ao figurino e por isso encurtou a saia da roupa que iria usar para interpretar o papel de Aspicia). Isso foi para mostrar ainda mais os passos do ballet e também porque Petipá valorizava acima de tudo a técnica de quem estava dançando! Pois a saia cumprida não permitia mostrar tanto as combinações dos passos de dança. Então, o figurino básico dos ballets de Petipá, será o tutu clássico, porque esse vai permitir a bailarina a demonstrar toda a sua técnica.

4. As bailarinas principais de Petipá foram, em sua maioria, italianas

Isso não vai ser por acaso. Petipá foi um francês, mas que fez sua carreira como coreógrafo deslanchar quando esteve na Rússia. Lá, com o apoio dos Czares, muitas estrelas foram “importadas” da França e da Italia, tanto como bailarinas e bailarinos, como professores e coreógrafos. Veja mais no post que escrevi sobre o ballet na Rússia.

Carolina Rosati foi a primeira bailarina a interpretar o papel de “Aspicia”, o papel principal, do primeiro ballet de Petipá. E sim, ela era Italiana.

Pierina Legnani foi outra dessas bailarinas italianas que muito dançou os ballets deste coreógrafo. Ela foi a primeira bailarina que executou os 32 fouettes no palco na Coda de Cinderella. Também será Pierina que vai dançar O Lago dos Cisnes como o papel-duplo de Odette e Odile e também Raymonda, todos estes ballets de Petipá. Já escrevi algumas vezes sobre ela por aqui.

5. Divertissements

Petipá foi ao contrário de Noverre, que acreditava que todos os personagens no ballet tinham que estar interligados e que todos os atos tinham que conter ações dramáticas, não tendo espaço para “supérfluos”. Para Marius Petipá os “divertissements” (pequenas danças para divertir o público e enaltecer os talentos de pequenos grupos de bailarinos) também tinham a sua importância; e investiu neles.  Temos divertissements em Lago, com o Pas de Trois, em Bela Adormecida com o pássaro azul e em muitos outros ballets de sua autoria.

6. Bailarina principal X Antagonista

Agora, com Petipá, não há apenas um papel principal, mas dois: a da primeira-bailarina, nossa “heroína” (que terá solos em todos os atos do ballet) e também a da antagonista, que não será necessariamente o vilão ou vilã da história, mas alguém que vai contra os anseios da estrela e que está ali para dar uma graça a mais à história. É o caso de La Bayadere, que temos Nikiya e Gamzatti; Odette e Odile no Lago dos Cisnes; Clara e a Fada Açucarada de Quebra Nozes. E vamos ver isso em outros ballets deste mestre.

7. Valorização do homem

Quando o ballet começou era “coisa de homem” (já escrevi sobre isso aqui). Os homens é que ganhavam os papéis principais, além de muitas vezes interpretarem os papéis femininos com o uso de máscaras. Na Era Romântica, isso se inverteu, pois o homem passou a ser um mero “cavalheiro acompanhante” e era a mulher que ganhava os solos e destaques. O homem não aparecia muito.

Petipá, resolveu, então, reverter essa história toda! Agora nos seus ballets, a mulher continua com solos, mas o homem também vai ganhar seu espaço tendo solos também!

8. Grand Pas de Deux

Os pas de deux ganharam uma outra estrutura graças a Petipá. Ele criou o que conhecemos como Grand Pas de Deux que vemos nos seus ballets, com o seguinte formato:

  1. Entrée – a entrada do casal. Podem ser que entrem no palco juntos ao mesmo tempo ou em momentos diferentes. A entrada é o início da coreografia do grand pas de deux.
  2. Adágio – é a dança do pas de deux, do casal juntos. Petipá vai inserir no que já existia de pas de deux, mais virtuosismo – mais pegadas, balances, giros… O bailarino vai servir de suporte para a bailarina. No pas de deux, é importante que cada um saiba o seu devido lugar.
  3. Variação Masculina – é o solo do homem. Como dito antes, o homem também terá o seu destaque. Neste momento ele vai dançar sozinho, sem a presença da bailarina.
  4. Variação Feminina – é o solo da mulher. A mulher também vai brilhar e é este o momento dela mostrar todo o seu talento artístico. Também dançará sozinha no grand pas de deux, mas após o homem.
  5. Coda – é a parte final do grand pas de deux. Normalmente é neste momento em que há uma sequência de saltos e giros e é aqui que a bailarina realiza os 32 fouettés.

9. Solistas e Demisolistas

Antes, somente a primeira-bailarina teria solos e destaques. Agora, outras bailarinas também terão “seu lugar ao sol”. Petipá criará destaques para pequenos grupos, que serão as demisolistas, quando um pequeno grupo se destaca do corpo de baile, como em La Bayadere nas Ventarolas e papéis solos para bailarinos que não serão os principais, como as fadas da Bela Adormecida.

10. Valorização do Corpo de Baile

O corpo de baile já existia sim antes de Petipá, mas a diferença é que ele deu mais vida ao grupo no ballet, não sendo mais um mero pano de fundo dos bailarinos principais. Agora o corpo de baile também irá se destacar tendo momentos de grandes movimentações. Um destes exemplos será o corpo de baile de O reino das sombras de La Bayadere. As bailarinas fazem neste ato arabesques-penchés e muitos outros movimentos em grande sincronia sem a presença dos bailarinos principais. Este corpo de baile é uma verdadeira aula de ballet e é também o corpo de baile mais famoso de Petipá. E eu tive a honra de dançar! É trabalhoso e é LINDO!

11. Presença de Danças a caráter

É a dança de um povo coreografada para um ballet. Como Petipá escolhia uma localidade para os seus ballets, fazia sentido inserir também as danças do povo daquele lugar. E essas danças poderão ser executadas sem o uso de sapatilhas de ponta. Vai ser o caso da Dança Russa no Quebra Nozes; a Tarantela (dança italiana) de Lago dos Cisnes; as Czardas (dança húngara) de Raymonda.

12. Exclusividade

A exclusividade fez parte dos ballets de Petipá, porque neles a música, o figurino e os cenários foram feitos especificamente para o ballet para os quais foram designados.

 

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